Sempre gostei de escrever. Quando criança, tive até redação pendurada na entrada da escola. Minhas escritas na infância eram carregadas de emoções, como uma forma de escoar o tanto de sentir que não encontrava brecha no sistema educacional. As redações eram minha forma de resistência.
Na adolescência acabei fazendo faculdade de jornalismo, mas a maneira jornalística tradicional de retratar uma história nunca me seduziu. As sensações me interessavam mais que os fatos. E a imparcialidade? Não conheço.
Ao terminar a faculdade, fui capturada pelo marketing e acreditei na história que o tal “plano de carreira” me traria segurança e felicidade. A escrita seguia, velada, nos diários que carrego até hoje.
Escolhi então passar um tempo fora do país e fui tomada pela ideia de escrever e publicar sobre as experiências. Era como se eu não tivesse escolha, de tão forte que foi a sensação. “Quando o Mar se Abre” era o nome do blog, uma alusão a confiança necessária para mover milagres e atravessar mares.
Eu palavreava ali as experiências sentidas e vividas e, por um processo empático, pessoas começaram a se sentir refletidas no que eu escrevia, o que acabou por me conectar a pessoas em todo canto — Portugal inclusive. (olha a vida sendo tecida e eu indo pra Portugal em breve trocar com pessoas que conheço virtualmente desde então). No Rio, uma das pessoas que foi tocada por minha escrita me chamou pra um café, o que acabou virando uma sociedade — a Casa Sou.l (história pra o próximo post).
O poder da palavra foi ganhando espaço em mim e, ainda em Bali, tomei coragem de sugerir pautas para algumas revistas, sobre coisas que estava vivendo. De portfolio, o blog, com uma escrita pessoal e informal.
A força do é pra ser.
As pautas foram aprovadas. Escrevi sobre a Green School, sobre partos humanizados, sobre jejuar (enquanto jejuava), sobre alimentação viva (durante um experimento de só comer alimentos vivos), sobre normose (a doença de ser normal), empresas, pessoas e movimentos inspiradores. Viajei pra lugares remotos do Brasil, com bloquinho de notas, gravador e câmera na mão. Conheci comunidades quilombolas, deslizei pelas águas amazônicas, segui descobrindo modos de vida muito diferentes daqueles com os quais tive contato até poucos anos antes.
As matérias foram publicadas na Vida Simples, Superinteressante, Crescer e, mais pra frente, no Projeto Draft, sempre sobre temas que me vivificavam: educação, autoconhecimento, espiritualidade, sustentabilidade, educação, empreendedorismo social.
Conheci muita gente inspiradora, algumas delas se tornaram amigas e parceiras de trabalho, além de ter aprendido muito sobre os temas que mais me interessavam e apoiado trabalhos importantes a serem comunicados. Tudo isso foi — e segue sendo — essencial para o desenvolvimentos dos trabalhos que vim a fazer depois disso.
Ficou ainda mais forte pra mim que a vida vai sendo tecida nas micro-escolhas, como fazer um blog. Aos poucos, fui percebendo que a vontade de comunicar o que eu estava vendo — e vivendo — de fantástico não precisava se dar só através das palavras escritas. Foram ficando claras as infinitas possibilidades de manifestação de um propósito, bem como a transformação dele à medida em que ele me transformava.
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